O impacto dos juros altos no agronegócio brasileiro

Copom manteve a alta taxa de juros do país em 13,75% na reunião de junho do conselho

Depois da reunião do Copom (Conselho de Política Econômica) do último dia 21 de junho, o Banco Central decidiu pela manutenção da taxa de juros em 13,75%. Um patamar elevado, que vem desde agosto de 2022, prejudicando a capacidade produtiva de toda economia brasileira, inclusive do agronegócio.

Isso porque o encarecimento do mercado de crédito atravanca o acesso a insumos, tecnologias e áreas agriculturáveis, afetando a produtividade do setor.

“Vemos diversos desafios na parte operacional, sendo o principal deles o acesso ao crédito, em especial a pequenos e médios produtores”, disse Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP em entrevista para a CNN Brasil.

2/3 dos recursos no mercado privado

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor demanda mais de R$ 1 trilhão ao ano em recursos — e 1/3 desse valor advém do programa do governo federal. O restante é viabilizado por empresas privadas, mais suscetíveis às taxas de juros de referência do país.

“Se os produtores precisam buscar os outros 2/3 no mercado privado, que é pautado pela Selic, os investimentos são menores. Não fomentar investimentos reduz a tecnologia empregada, que, por sua vez, reduz a produtividade. Nós já temos diversos anos de atraso nesse sentido, fora os gargalos no setor produtivo que vieram com a pandemia”, afirmou Guilherme Rios, assessor técnico da CNA.

Rios disse que esse cenário chega a afetar os grandes produtores e as empresas com capital aberto na Bolsa de Valores. “Como a economia é toda interligada, os custos também são. O impacto da taxa é para todo mundo, e as grandes empresas podem sofrer com uma redução de áreas produtivas.”

Leonardo Alencar, da XP, mencionou ainda outro impacto aos grandes produtores: a viabilização de projetos de médio e longo prazo e o valor de mercado de empresas de capital aberto.

“Uma empresa com lista de projetos, seja investimentos em usina, seja em melhora tecnológica, está sempre pensando no retorno, e isso é muito sensível a custo de capital. Na prática, empresas que tinham muitos projetos provavelmente tiveram que engavetá-los por causa dos juros, já que o retorno, nesse cenário, é prejudicado”, sublinhou.

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