Sistema Faesp/Senar-SP é eleito o líder do ano pela Agro World

A voz do agro: presidente do Sistema Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles, fala dos projetos e expectativas para o setor agropecuário paulista e nacional

Aproximar os pequenos produtores das novas tecnologias que irão ajudar na melhoria da performance do campo, aumento da produtividade e ampliação das oportunidades de trabalho no meio rural.

Essas têm sido, desde fevereiro, a missão do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles. Com vasta experiência na busca de melhores condições de trabalho no meio rural, ele tem reforçado a parceria com os sindicatos rurais para melhorar o atendimento aos produtores e construir um setor agropecuário mais robusto. Meirelles conta com o apoio do governador Tarcísio de Freitas para implantar a conectividade em todas as propriedades rurais.

Referência para o agronegócio paulista, Tirso Meirelles é economista e produtor rural, pós-graduado em Administração de Empresas e em Políticas Públicas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e tem dedicado sua vida ao aprimoramento dos meios de produção rural. Sua atuação à frente do Sebrae-SP, nas duas últimas décadas, levou à ampliação da atuação no interior de São Paulo, com foco nos programas de orientação e capacitação em gestão empresarial no meio rural para pequenos e médios produtores.

À frente do sistema Faesp/Senar-SP, criou o projeto Integrar, que fará o primeiro grande mapeamento do agro paulista, com foco também na força de trabalho e no estímulo à conclusão do processo do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Além de consolidar dados que possam ajudar na criação de arranjos produtivos locais que reforcem a importância das regiões, o projeto contribuirá para a construção de políticas públicas e de um portfólio de cursos que atendam não apenas ao manejo das culturas, mas, principalmente, ao fomento das cadeias produtivas com implementação das agroindústrias.

Para reforçar a importância do setor, a Faesp lançou esse ano a cartilha Prefeito Amigo do Agro, que tinha como objetivo firmar um compromisso dos candidatos com o desenvolvimento do setor. Além de se comprometer a melhorar as condições de saúde, educação e saneamento básico no campo, estavam entre as propostas a melhoria das estradas vicinais, essencial para o escoamento da produção, e a inclusão de produtos da região em programas como o da Merenda Escolar, oferecendo aos alunos alimentos de qualidade. Mais de duas dezenas de municípios assinaram a cartilha.

 

Na sua visão, qual a importância do agro na construção do país?

Tirso Meirelles: O agro é o coração pulsante do Brasil. Vale lembrar que, há 50 anos, importávamos praticamente tudo, exportando apenas açúcar e café. Ao longo dessas cinco décadas, com a criação da Embrapa e do Instituto Agronômico (IAC), que dominou o processo de produção nos trópicos, transformamos nosso país num dos grandes exportadores de alimentos do mundo. Em algumas regiões, conseguimos até três safras ao ano. Temos o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos grandes responsáveis pela segurança alimentar no mundo. Nesse período, reduzimos em torno de 42% o preço da cesta básica.

Hoje, o setor agropecuário responde por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, emprega 27% da força de trabalho e responde por 50% das exportações, garantindo superávit em nossa balança comercial. Sorte? Não, muito trabalho dos homens e mulheres que acordam todos os dias e constroem, com seu suor, um novo futuro para o Brasil.

 

Como o sistema Faesp/Senar-SP tem ajudado na construção desse novo futuro?

Tirso Meirelles: De muitas formas. Seja através do fortalecimento dos sindicatos rurais, seja na construção de um portfólio de cursos que vão além do manejo das culturas, mas também a gestão e assistência técnica aos produtores rurais, bem como a construção de centros de excelência. Nesse caso, temos três espaços de inovação tecnológica que irão reforçar o protagonismo do setor agropecuário paulista.

A localização em Ribeirão Preto, um dos principais polos de produção de cana-de-açúcar do país, potencializa ainda mais o impacto do Centro de Excelência em Cana-de-Açúcar, colocando a região na vanguarda do desenvolvimento agrícola e energético sustentável no Brasil. O centro será um polo de desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à cadeia produtiva da cana-de-açúcar, incluindo inovações no uso do hidrogênio verde e biocombustíveis, fortalecendo a sustentabilidade do setor.

Oferecerá cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, preparando novos profissionais para atender às demandas tecnológicas do setor. Isso é crucial para aumentar a produtividade e competitividade, especialmente em uma cultura que emprega milhares de pessoas no Brasil. Com as novas instalações, espera-se aumentar a produtividade e a qualidade da cana, ajudando os produtores a maximizar seus lucros e a inovação no setor. E a sanção da Lei do Combustível do Futuro, no início de outubro, aumentou ainda mais a importância desse equipamento.

Em São Roque, a Faesp está construindo o Centro de Formação Rural Dr. Celso Charuri, voltado para Big Data, Inteligência Artificial, fábrica de bioinsumos e startups que possam ajudar a aproximar as novas tecnologias dos pequenos produtores rurais. A questão da universalização da conectividade, tão importante para a gestão integrada de máquinas e equipamentos agrícolas, é uma promessa do governador Tarcísio de Freitas. Hoje, em muitos lugares, há conexão com a internet apenas nas sedes das propriedades rurais.

Outro projeto, anunciado esse ano, o Centro Nacional de Inovação Tecnológica em Irrigação, a ser construído no sudoeste paulista, quer formar novos profissionais, assim como desenvolver projetos que ajudem a deixar a técnica da irrigação mais acessível aos pequenos produtores.

 

O senhor está fazendo o primeiro grande mapeamento do setor agropecuário paulista. Qual a importância desse trabalho?

Tirso Meirelles: Aqui em São Paulo, sabemos quais são as principais culturas, mas é preciso conhecer muito mais para construir o futuro do campo. Há uma diversificação grande de produtos, formas de plantio e solos propícios a cada cultura. O Projeto Integrar vai fazer esse mapeamento das culturas e força de trabalho, entender os principais gargalos enfrentados pelos produtores e ver as perspectivas de cada cadeia produtiva. Essa pesquisa servirá de base para a criação de Arranjos Produtivos Locais (APLs), com a união de produtores rurais, cooperativas, agroindústrias e mercados e em parceria com o governador Tarcísio de Freitas, principalmente com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Agricultura e Abastecimento.

Os entrevistadores do Projeto Integrar, na visita às 420 mil propriedades rurais paulistas, irão estimular a conclusão do processo do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que teve uma primeira fase, o cadastramento, há mais de dez anos. Agora é a hora deles validarem seus dados, retificando as informações, quando houver necessidade. Dessa forma, as propriedades estarão em conformidade com a legislação ambiental e poderemos implementar no Estado de São Paulo o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Além de consolidar a área agricultável no estado, o Programa irá reforçar São Paulo como sustentável, com a recuperação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e reservas legais.

 

Entre as muitas ações da Faesp em prol do desenvolvimento do campo, gostaríamos de falar sobre duas comissões: Semeadoras do Agro e Faesp Jovem. Qual a importância delas para o futuro do setor agropecuário?

Tirso Meirelles: São comissões emblemáticas, estratégicas. A Faesp Jovem trabalha a sucessão familiar nomeio rural, ouvindo as novas lideranças, construindo uma transição que garanta a continuidade da produção. Há normalmente uma dificuldade dos proprietários mais antigos, que fizeram da terra um verdadeiro milagre, aceitarem as novidades que estão chegando cada vez mais rápido no campo. A implantação de novas tecnologias e a perspectiva de oportunidades complementares à produção, em alguns casos, acabam colocando as duas gerações em lados opostos, quando deveriam funcionar como uma complementação.

Já a Semeadoras do Agro, que completou dois anos, trabalha para estimular o empreendedorismo feminino no meio rural. As mulheres sempre tiveram um olhar diferenciado no campo, vislumbraram oportunidades, mas não conseguiram espaço para expô-las. A comissão quer exatamente mostrar que há espaço para empreender, levando, às produtoras rurais de todo o estado de São Paulo, palestras, consultoria do Sebrae e a parceria do Banco do Povo. Apenas esse ano, mais de 30 mil mulheres foram impactadas pelos três módulos da Comissão – Mulheres, Descubram-se no Campo; Mulheres, é Tempo de Semear; e Mulheres, é Tempo de Colheita.

Outra ação que as Semeadoras estão levando a todo o estado é a atenção à saúde das produtoras rurais e trabalhadoras do campo. O programa Semear é Cuidar foca no combate a três tipos de câncer: de mama, de colo de útero e de pele. Como sabemos, por trabalharem de sol a sol, muitas não têm tempo para cuidar da saúde e colocam em risco não apenas o seu futuro, mas de toda a sua família. Por conhecermos a realidade do campo, vivermos isso no dia a dia, podemos entender e atender as principais demandas.

No mais, é trabalhar muito para garantir que o agronegócio paulista continue tendo importância e representatividade na economia nacional. Cuidar do setor agropecuário é também cuidar das pessoas que fazem essa diferença. E a Faesp estará sempre trabalhando para garantir que os produtores rurais, em especial os pequenos, tenham a importância devida na construção do nosso país. Por isso, demos sugestões ao Programa de Segurança Alimentar na cidade de São Paulo para o desenvolvimento da agricultura urbana pelo prefeito Ricardo Nunes.

 

Confira a 3ª edição da Agro World

A entrevista de Tirso Meirelles está, também, na revista que foi lançada durante o Prêmio Líderes do Agronegócio, no dia 5 de dezembro, no Palácio Tangará, em São Paulo.

Para acessar a edição na íntegra, clique aqui.

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