São Paulo deverá ser o primeiro estado brasileiro a receber uma planta para produzir combustível sustentável de aviação (SAF).
A informação foi divulgada pela Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP) e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística.
A investimento será de 7,8 milhões de euros. O empreendimento será viabilizado por meio de colaboração entre o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha e a empresa Geo Bio Gas&Carbon, com apoio da Copersucar e financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A fatia correspondente aos alemães será de 1,5 milhão de euros.
A área onde ficará a planta ainda não foi divulgada. A expectativa é que comece a operar em 2025, com capacidade para produzir 750 litros do combustível por dia. Segundo a FAESP, o projeto vai utilizar biogás proveniente de resíduos de biomassa do setor sucroenergético, uma das principais indústrias do estado. Inclusive esse foi um dos fatores que pesaram na escolha do Estado de São Paulo para abrigar a planta – a disponibilidade de biomassa -, além da boa infraestrutura e de um mercado promissor.
SAF
O combustível poderá ser misturado ao querosene de aviação (QAV), ajudando a reduzir a pegada de carbono no setor aéreo. A produção será possível porque a Secretaria Estadual de Meio Ambiente fechou uma parceria com o Ministério Federal alemão por meio da agência Giz.
De acordo com a secretária da pasta, Natália Resende, o estado reúne características bastante favoráveis e regras claras para a implantação do projeto. O investimento total será diluído em um prazo de três anos.
De acordo com estudos recentes, o SAF pode reduzir de 70% a 90% as emissões de carbono em relação ao querosene de aviação, além de diminuir outros tipos de partículas, como o enxofre.
Ele pode ser produzido a partir de óleos vegetais, inclusive usados, gorduras de animais, outros resíduos agrícolas, cana e milho, entre outras matérias-primas. Uma das substâncias mais importantes para a sua obtenção é o hidrogênio, que reage com o gás carbônico e gera hidrocarbonetos com características semelhantes aos do querosene. Dessa forma, a substituição pode ser feita diretamente, sem a necessidade de adaptação das estruturas das aeronaves.
Uma das possibilidades que têm avançado nas pesquisas é a utilização do hidrogênio verde, obtido de fontes renováveis, como o etanol. Acredita-se que essa estratégia possa potencializar ainda mais a redução das emissões nocivas.
Certificação
O cenário favorável à produção de SAF no Brasil ganhou, recentemente, um novo aliado, conforme a Agro World publicou na semana passada. A Unidade São Martinho, em Pradópolis-SP, se tornou a primeira produtora de etanol de cana-de-açúcar do mundo a conquistar a certificação ISCC CORSIA Low LUC Risk.
Com isso, a usina se torna apta a fornecer etanol com intensidade de carbono reduzida para a produção do SAF (clique aqui e leia mais).
