A Jalles, companhia sucroenergética com três unidades, processou 3.019,4 mil toneladas de cana no primeiro trimestre da safra 2023/24 (1T24), montante 33,9% maior do que no mesmo período da safra 2022/23 (1T23), quando foram moídas 2.255,7 mil toneladas.
O avanço ocorreu por conta da adição dos resultados da unidade Santa Vitória, adquirida recentemente pela Jalles, que contribuiu com o processamento de 842,8 mil toneladas de matéria-prima.
A produção de açúcar foi recorde de acordo com a companhia, 21,8% superior no comparativo entre os períodos 1T24 e 1T23, alcançando 128,8 mil toneladas.
Já o volume de produção de etanol aumentou 36,8%, para 144,7 milhões de litros no trimestre, considerando que a unidade Santa Vitória produz exclusivamente o biocombustível.
As duas outras plantas da empresa têm o mix de produção dividido com o açúcar.
De acordo com seu balanço, a Jalles alcançou produção total de 380,2 mil toneladas de ATR, volume 7% menor do que o produzido no mesmo período da safra anterior, que atingiu 408,6 mil toneladas.
Isso, de acordo com a companhia ocorreu devido a dois fatores: a unidade Otávio Lage teve uma moagem menor comparado ao 1T23P, em razão da área de colheita que fora adiantada para reforma e que seria colhida mais ao final da safra; e o ATR médio 4,8% menor em comparação com o 1T23P, de 125,9 kg/t. Já a produtividade média, do grupo foi de 87 t/ha no primeiro trimestre do ano, 2,3% superior ao TCH do 1T23P.
No caso da unidade Santa Vitória, a companhia destacou ganho de produtividade de 6,3% em TCH, quando comparado com o 1T23 (Proforma).
”Diminuição no ATR produzido na unidade Jalles Machado era esperado devido a melhora no regime de chuvas para safra 2023/24 na qual há um ganho de TCH em detrimento dessa queda de ATR médio e produzido. Em contrapartida, é esperado que essa diferença no ATR comparado a safra anterior diminua ao decorrer da safra 2023/24″, disse a companhia em relatório.
Lucro líquido da companhia caiu 58,8%
A companhia registrou lucro líquido de R$ 49,5 milhões no primeiro trimestre da safra 2023/24, queda de 58,8% comparada ao mesmo período do ciclo anterior.
Segundo a Jalles, a diminuição deve-se a uma menor comercialização no trimestre em relação ao mesmo período da safra anterior e à amortização de tratos referentes à safra passada.
Além disso, houve um recuo nas vendas de etanol por conta de preços menores do biocombustível. A queda foi e 50,8% no comparativo incluindo a Unidade Santa Vitória.
O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 16,7% no período, para R$ 271,4 milhões.
Já a receita líquida, por sua vez, teve um leve aumento de 0,5%, para R$ 445 milhões, impulsionado pelo aumento das exportações de açúcar.
A companhia teve um aumento da comercialização de açúcar no mercado doméstico e internacional, que totalizou R$ 252,7 milhões em receita bruta, crescimento de 21,7%. A receita com o açúcar VHP exportado subiu 3,7%, para R$ 62,3 milhões. O valor inclui o produto bruto (R$ 19,4 milhões, +161,6%) e o orgânico (R$ 42,9 milhões, -18,6%).
“Com relação ao nosso desempenho no 1T24, tivemos situações antagônicas entre açúcar e etanol. O primeiro teve um trimestre com cenário de preços que segue muito atrativo e muito próximo do recorde histórico. Para aproveitar esse cenário nas Unidades Jalles Machado e Otávio Lage tivemos um mix mais açucareiro. Isso contribuiu para registramos recorde histórico na produção de açúcar”, disse a diretoria da companhia em relatório.
Por outro lado, a empresa informou que devido a redução nos preços tanto do etanol anidro quanto do hidratado, de respectivos 18,4% e 26,8%, houve também queda de comercialização, de 26,8% no caso do anidro e 77,8% no hidratado nas unidades Otávio Lage e Jalles Machado, mantendo o produto em estoque.
“O etanol enfrentou um início de trimestre desafiador, com ponto de inflexão em maio e recuperação parcial de paridade em junho. Com isso, a comercialização do etanol foi 50,8% menor no período quando comparado ao 1T23 Proforma. Como consequência, houve aumento de estoques”, disse a diretoria em relatório.
Investimentos para aumento de capacidade seguem
Os investimentos para aumento da capacidade de moagem de cana em 1 milhão de toneladas nas unidades Jalles Machado e Otávio Lage seguem conforme o planejado.
Segundo a Jalles, recentemente foi concluído um investimento em biogás, o qual terá a capacidade de armazenamento de 150 mil m3, com uma produção de biogás de 6 mil m3/h e uma geração de energia de 22 GWh.
“Seguimos com o nosso inegociável compromisso com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, evidenciado pela atenção dada à eficiência operacional e operação sustentável, resultando em redução do consumo de água e vapor nas atividades industriais”, disse a diretoria.
Em junho, a Jalles aprovou a implantação de uma fábrica de açúcar VHP na Unidade Santa Vitória, localizada no município de Santa Vitória, em Minas Gerais. O total do investimento, segundo a companhia, está estimado em R$ 170 milhões, com previsão para o início da operação na safra de 2024/25.
A nova fábrica terá capacidade de produzir 15 mil sacas de 50kg de açúcar VHP, cerca de 750 toneladas por dia, totalizando 150 mil toneladas por safra.
Com esse investimento, a Unidade Santa Vitória, que hoje possui 100% do seu mix voltado para a produção de etanol, poderá ter maior flexibilidade (etanol x açúcar), podendo chegar em até 52% do seu mix para açúcar.
Além da flexibilidade do mix para a produção de açúcar, que passará a incluir o açúcar VHP destinado à exportação, outros ganhos esperados serão o aproveitamento do bom momento do preço da commodity, a mitigação dos riscos do negócio devido à maior diversificação do mix de produtos e aumento da representatividade da receita no mercado externo.
(Fonte: Natália Cherubin/ RPA News)