Sou Giuliano Beggio Francischini. Cresci em uma família de empreendedores de Matão — a Confecções Elite Ltda., fundada há 52 anos — e carrego o orgulho de ver negócios que geram emprego e desenvolvimento local.
Nos últimos anos assumi a gestão da Beggio Lorenzo agropecuária e encontrei ali a minha missão: provar que é plenamente possível unir produtividade excepcional na cana-de-açúcar com práticas regenerativas que restauram solo, água e biodiversidade.
Ao assumir as fazendas, eu sabia administrar empresas, mas não tinha formação agronômica.
Aceitei isso com humildade e aprendi na prática — ouvindo técnicos, colaboradores e parceiros — aplicando uma visão empresarial ao campo: a fazenda é, de fato, uma empresa a céu aberto.
Estruturei processos, defini indicadores e escalamos as operações sem abrir mão da sustentabilidade.
Nosso lema — “somos produtivos por sermos sustentáveis” — é prática diária.
As principais práticas que implementei e que orientam nossas decisões são claras:
– Trato o solo como ativo estratégico: preservação da palha e integração quando possível para aumentar matéria orgânica.
– Mantemos cobertura viva e palhada para proteger o solo, reduzir perda de água e alimentar a microbiota.
– Reduzimos o revolvimento e investimos em mecanização de precisão para otimizar insumos e reduzir compactação aumentando a idade média do canavial.
– Restauramos áreas degradadas e recomponho matas ciliares e nascentes para recuperar serviços ecossistêmicos.
– Priorizamos manejo integrado de pragas, compostagem e uso de inoculantes para promover ciclagem de nutrientes.
– Valorizo a dimensão social: formação contínua, segurança no trabalho e relacionamento com a comunidade são pilares inseparáveis.
Essas escolhas trouxeram resultados mensuráveis: fomos reconhecidos por produtividade e sustentabilidade por quatro anos consecutivos, recebemos o Prêmio Master Cana e figuramos no Top 5 do Prêmio Globo Rural de Fazenda Sustentável.
Mais do que troféus, esses reconhecimentos validam que escala produtiva e responsabilidade ambiental caminham juntas.
Baseado nesse histórico e com o propósito de replicar esse case de sucesso, inauguramos neste ano a Cultura do Campo — uma empresa criada para levar nossas práticas a outros produtores, empresas e indústrias.
A Cultura do Campo tem como objetivo melhorar o planeta gerando sustentabilidade financeira, ambiental e de gestão: oferecer soluções técnicas, modelos de governança, formação e suporte para que mais operações alcancem produtividade regenerativa e impacto positivo nas comunidades.
Comunicar e multiplicar essas práticas é parte essencial do meu trabalho.
Acredito que, ao demonstrar de forma transparente que a cana brasileira pode ser cultivada regenerativamente, fortalecemos nossa reputação internacional e abrimos portas para mercados, investidores e políticas públicas favoráveis.
Tratar a fazenda como empresa, priorizar capital natural, combinar tecnologia com conhecimento local e ser transparente gera produtividade duradoura.
Continuo comprometido em ampliar esse exemplo e convido produtores, pesquisadores, investidores e formuladores de políticas a acelerar a adoção de práticas regenerativas no setor sucroenergético.
Juntos, podemos posicionar o Brasil como referência global em produção regenerativa, responsável e lucrativa — um legado que beneficia o presente e as próximas gerações.
*Por Giuliano Beggio – CEO na Beggio Lorenzo Agropecuária


















