Essa inclinação negativa dos sojicultores está ligada aos preços médios muito inferiores às elevadas médias do mesmo período do ano passado
O balanço parcial da DATAGRO Grãos sobre as finanças dos sojicultores brasileiros no primeiro semestre de 2023, levantamento que antecede a divulgação anual de intenção de plantio da safra de verão pela consultoria, aponta para um desempenho misto no geral, mas pendendo para o lado negativo, sendo desestimulante ao plantio da nova temporada.
Essa inclinação negativa está ligada aos preços médios muito inferiores às elevadas médias do mesmo período do ano passado, à obtenção de lucratividades ainda positivas na maior parte dos casos, mas inferiores na comparação com 2022, e à rentabilidade fortemente negativa.
Analisando o comportamento dos preços, o mais visível dos indicadores, nota-se que as médias em reais observadas nesses primeiros seis meses do ano estão muito abaixo dos excelentes resultados verificados em igual momento de 2021 e 2022, se aproximando das médias históricas.
Tomando como base cinco das principais bases de negociação do País, os preços médios deste ano estão de 21 a 22% inferiores ao ano anterior nas cotações em reais – e também entre 21 e 22% nas cotações em dólares.
“De todo modo, até o momento, as cotações médias ainda garantem resultados positivos de renda a grande parte dos produtores, à exceção dos que tiveram perdas mais destacadas com o clima, como foi o caso da metade oeste do Rio Grande do Sul”, comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da DATAGRO Grãos. A
té o dia 7 de julho, apenas 66% da safra brasileira de soja deste ano estava comercializada pelos produtores, ante 77% em 2022, 91% no recorde de 2020 e 80% na média dos últimos 5 anos.
Tomando como base cinco das principais bases de negociação do País, os preços médios deste ano estão de 21 a 22% inferiores ao ano anterior nas cotações em reais – e também entre 21 e 22% nas cotações em dólares.
A segunda variável mais relevante é a lucratividade bruta, que compara a receita obtida com o custo de produção, que a princípio tende a manter a preferência do produtor brasileiro pela oleaginosa.
A despeito do expressivo recuo nos preços e dos maiores custos de produção, o setor mantém lucratividades dominantemente positivas pelo 17º ao consecutivo, embora tenha piorado em relação aos excelentes resultados do ano passado e com expectativa de um pouco mais de declínio até o fechamento da temporada.
Esse cenário foi possível devido à obtenção de preços médios em Reais ainda acima dos padrões normais e, portanto, remuneradores aos sojicultores, apesar de muito aquém do excelente padrão dos últimos dois anos.
O terceiro indicador é a rentabilidade financeira, que considera a soja como uma opção de investimento.
O 1º semestre apresentou resultados fortemente negativos, muito abaixo do excelente desempenho no mesmo acumulado de 2022, “o pior nessa série de 23 anos”, ressalta França Junior.
Dessa forma, a performance foi muito pior quando comparada com a de outros ativos analisados em virtude do aumento gradativo da aversão ao risco do mercado.
“Em outras palavras, guardar a soja para vender mais tarde foi uma péssima opção entre janeiro e junho deste ano, quadro que tende a continuar muito ruim nos próximos meses”, diz o líder de conteúdo da DATAGRO Grãos.
A média de preço da soja no Brasil acumulou perda real (já descontada a inflação) de 29,90% no acumulado de 2023 até junho. Em igual momento de 2022, a média brasileira estava em +5,71%.