A COP30, que será sediada, em Belém, no Brasil, representa mais do que uma conferência global sobre o clima: é um marco simbólico de transformação.
Pela primeira vez, o mundo volta a atenção para a Amazônia — não apenas como bioma essencial, mas como um laboratório vivo de inovação sustentável e bioeconomia.
Nesse contexto, o setor de papel e celulose emerge como um dos pilares mais concretos dessa nova economia verde no Brasil.
No 57º Congresso Internacional de Papel e Celulose, o tema “Pessoas e Biocombustíveis: construindo o futuro sustentável da indústria de base florestal com energias renováveis” sintetiza de forma precisa os desafios e as oportunidades que conectam diretamente a indústria aos pilares da COP30: transição energética, circularidade, inovação e protagonismo social.
O setor de papel e celulose é um dos exemplos mais consistentes de como o Brasil pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono.
A indústria brasileira de base florestal opera com uma das menores pegadas de carbono do planeta, resultado de décadas de investimento em pesquisa genética, manejo sustentável e uso de energia limpa.
De acordo com governo federal, mais de R$ 105 bilhões serão investidos, até 2028, em projetos que ampliam a capacidade produtiva e fortalecem a bioeconomia nacional.
Esses investimentos não apenas geram empregos e renda em regiões interioranas — muitas vezes distantes dos grandes centros industriais —, mas também aceleram a descarbonização de toda a cadeia produtiva, com foco em biocombustíveis, biomassa e tecnologias circulares.
Nesse cenário de crescente exigência regulatória e ambiental, a rastreabilidade torna-se um pilar estratégico para a indústria de papel e celulose.
A KPMG tem desempenhado papel de destaque na implementação de soluções integradas para conformidade com o Regulamento Europeu contra o Desmatamento (EUDR), apoiando empresas do setor na construção de cadeias produtivas transparentes e verificáveis.
Por meio de metodologias proprietárias, análises de impacto, frameworks de due diligence e integração tecnológica com sistemas de rastreabilidade, a KPMG tem conduzido projetos que garantem visibilidade completa da origem da madeira e da celulose, alinhando práticas operacionais às exigências legais da União Europeia e aos compromissos ESG globais.
Essa atuação reforça o papel da consultoria como parceira estratégica na transição para uma bioeconomia rastreável, legal e livre de desmatamento.
A sinergia entre o setor e os objetivos da COP30 é evidente. A transição energética, um dos temas centrais da conferência, é realidade concreta dentro da indústria de celulose, que utiliza resíduos florestais e subprodutos industriais como fontes renováveis.
O uso de biomassa para geração de calor e eletricidade permite que muitas fábricas sejam autossuficientes em energia, algumas inclusive exportando excedentes limpos para o sistema elétrico nacional.
A circularidade é outro eixo que reforça a contribuição do setor à agenda climática.
O reaproveitamento integral de resíduos, a redução do consumo de água e a reciclagem de fibras são práticas já consolidadas, tornando o ciclo de vida dos produtos florestais um dos mais sustentáveis do mundo.
Hoje, mais de 65% da energia utilizada nas operações de papel e celulose no Brasil são provenientes de fontes renováveis, um índice muito superior à média global.
A celulose, por sua vez, versátil, biodegradável e renovável, substitui gradualmente o uso de materiais derivados de petróleo em setores como embalagens, têxteis e cosméticos.
O desenvolvimento de novos materiais à base de nanocelulose — leves, resistentes e com aplicações em bioplásticos e eletrônicos sustentáveis — reforça o potencial de o Brasil se tornar protagonista global em soluções naturais de alto valor agregado.
Em um mundo que busca substituir o carbono fóssil pelo florestal, a celulose é mais do que bem-vinda no direcionamento que o Brasil está tomando.
A COP30 será, portanto, um momento de reafirmação e pulverização de negócios do Brasil com outros países. A indústria de papel e celulose estará no centro desse movimento.
A bioeconomia florestal, através dessas mudanças citadas, não é um projeto futuro – é uma realidade em expansão que inspira outros setores a seguirem pelo mesmo caminho.
Ao unir ciência, inovação e pessoas, a indústria florestal brasileira demonstra que a transição energética não é apenas uma meta climática — é um projeto de país – em que a floresta, as comunidades e a tecnologia coexistem em harmonia.
E é exatamente esse equilíbrio que o mundo espera ver consolidado em Belém, durante a COP30 – um Brasil que lidera pelo exemplo, transformando biocombustíveis em energia, pessoas em protagonistas e sustentabilidade em legado.
*Por Flávia Spadafora e Caio Arca


















