As preocupações com o meio ambiente e produções ambientalmente sustentáveis estão crescendo a cada safra e, para 2023, a grande perspectiva na viticultura brasileira são pautas relacionadas com a agenda ambiental.
Para o professor de fruticultura, Alberto Fontanella Brighenti, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a busca dos viticultores para o ano de 2023 é a sustentabilidade ambiental e econômica da produção.
Para isso, parcerias entre o setor público/privado são uma excelente ferramenta para intensificar práticas sustentáveis na viticultura brasileira.
Parcerias entre produtores e professores de instituições públicas de ensino, como o que acontece na Universidade Federal do Paraná (UFPR), entre a professora Dra. Louise Larissa May De Mio e fruticultores paranaenses, auxilia a compreender o melhor posicionamento de fungicidas e a encontrar novas alternativas de manejo.
Produção
A safra 2022/2023 de videira (Vitis spp.) apresenta distribuição desde a região sul até o nordeste do País (75 mil hectares – 1,7 milhão de toneladas), tendo como destino da produção o consumo in natura (53%) ou o processamento, como vinho, suco e derivados (47%).
Região Sul
A região sul detém mais de 70% da produção nacional e o Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor de uvas do Brasil, correspondendo a 62% da área vitícola nacional (46.774 ha) (IBGE).
A produção de vinhos finos e espumantes na região segue aquecida desde a pandemia, com aumento de 9,3% e 4,7%, respectivamente.
No Estado paranaense, em decorrência do aumento dos registros de chuva, a expectativa é uma colheita tardia na safra 2022/23.
No município de Rosário do Ivaí, além dos problemas climáticos desta safra, desafios no controle de doenças, como a podridão da uva madura (Colletotrichum spp.) e podridão cinzenta (Botrytis cinerea) tornam a produção um grande desafio, ocasionando o atraso na colheita, comprometendo a comercialização e aumentando as perdas, como relata o secretário da agricultura do município, Paulo Sérgio Braniak.
Nordeste
A região nordeste, segunda maior produtora de uvas, representa 27% da produção nacional (387.662 t). O Vale do São Francisco apresenta uma das viticulturas mais tecnificadas do País, no entanto, vem sofrendo sérios prejuízos com as doenças foliares e as podridões.
Os problemas fitossanitários acontecem devido ao maior registro de chuvas na região e se agravam com o La Niña no verão, fenômeno que costuma levar mais chuvas ao Nordeste.
Sudeste
A produção de uva na região sudeste é a terceira maior, representando 12% do total nacional (171.203 t). O Estado de São Paulo, principal produtor de uva de mesa da cultivar Niágara Rosada, produziu 149 mil toneladas de uvas.
Para o engenheiro agrônomo e doutorando em Produção Vegetal pela UFPR, Fernando Albertin, São Paulo continua sendo um forte produtor de uvas americanas, notadamente a Niágara Rosada para consumo in natura, e alguma produção de vinhos coloniais.
Entretanto, o interesse de produtores na elaboração de vinhos finos tem feito estes buscarem novas cultivares e novos manejos. A técnica de dupla poda ou inversão de ciclo vem permitindo a obtenção de vinhos finos de qualidade e competitivos no mercado, chamados vinhos de inverno.
Além disso, a região de São Roque tem conseguido sucesso e vem se destacando na produção de vinhos de qualidade com o uso da técnica, que também é empregada em outras regiões do Estado, tais como São Bento do Sapucaí e Louveira.
Centro-oeste
O Centro-oeste brasileiro, celeiro da produção de grãos do País, vem se destacando na produção de uva. No Estado de Goiás aumentou em 13,5% a área plantada no ano de 2022.
Isso aconteceu em decorrência de projetos do governo goiano para alavancar a viticultura no Estado. No Distrito Federal a área teve um aumento de 62% (74 ha).
A grande aposta das vinícolas próximas à capital federal é o enoturismo e na produção de vinhos finos, os quais irão alavancar ainda mais a produção de uva neste ano de 2023.
Para o proprietário do Vinhedo Lacustre, Marcos Ritter de Gregorio, localizado no Lago Norte da Capital Federal, as grandes apostas para este ano de 2023 são unir a produção de vinhos e o enoturismo, para assim difundir o consumo de vinhos no centro-oeste brasileiro.
No entanto, o grande gargalo da produção é a mão de obra pouco qualificada na região, tornando-se um grande desafio realizar o manejo da videira.
(Fonte: Campo & Negócios)