A situação financeira do agronegócio brasileiro reacendeu um alerta no mercado.
Após um 2024 marcado por quebras de safra e pedidos de recuperação judicial, o balanço do segundo trimestre da Caixa Econômica Federal trouxe um dado preocupante: a inadimplência do setor rural saltou para 7,02% entre abril e junho deste ano.
No primeiro trimestre, esse índice estava em 4,3%, e no mesmo período de 2024, em 2,11%.
Este aumento expressivo ocorre em um momento paradoxal.
As projeções apontam para uma colheita recorde de grãos e um papel de destaque do agro no crescimento do PIB brasileiro em 2025.
Ou seja, o setor que deve impulsionar o desempenho econômico do país enfrenta um desequilíbrio financeiro que ameaça a sustentabilidade de muitos produtores — especialmente dos médios e pequenos, mais vulneráveis às oscilações climáticas e de crédito.
Nesse contexto, o consórcio ganha força como alternativa eficiente e planejada de investimento, permitindo que o produtor rural mantenha sua capacidade de modernização sem comprometer o fluxo de caixa.
Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o número de participantes ativos em consórcios de máquinas agrícolas saltou de 184,79 mil, em 2020, para 460,12 mil neste ano.
Já as vendas de cotas cresceram de 32,27 mil para 68,05 mil na comparação entre o mesmo período.
No recorte de 2025, o volume comercializado de janeiro a agosto no segmento chegou a R$ 17,11 bilhões, ficando 13,7% acima do registrado em igual intervalo do ano anterior.
O crescimento demonstra que, enquanto o crédito bancário tradicional se torna mais caro e seletivo, a modalidade vem sendo percebida como uma ferramenta inteligente, adequada a um ambiente de incerteza e restrição de liquidez.
Mais do que um mecanismo de compra parcelada, o consórcio é um instrumento de planejamento.
Ele permite que o produtor se organize com previsibilidade e sem pagar juros, diferentemente das linhas de crédito convencionais.
Além de máquinas e implementos agrícolas, o sistema contempla uma gama de bens voltados ao agronegócio, que incluem inclusive, drones.
Em um setor onde o clima define o resultado de todo um ciclo produtivo, a previsibilidade financeira torna-se um ativo estratégico.
A modalidade oferece exatamente isso: uma forma de investir com planejamento, mantendo a capacidade produtiva.
Num cenário de alta inadimplência e endividamento crescente, é hora do produtor rural repensar o modelo de financiamento do agro.
O crédito continuará essencial, mas o consórcio mostra que há caminhos sustentáveis e colaborativos para impulsionar o campo brasileiro sem comprometer a saúde financeira.
*Por Eyji Cavalcante, gerente comercial do Consórcio New Holland
	    	

















