O governo brasileiro intensificou as negociações para reverter as tarifas impostas ao café nacional pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump.
O tema ganhou força após uma reunião realizada nesta quinta-feira (23) entre o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin e representantes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Durante o encontro, o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, e o diretor técnico da entidade, Eduardo Heron, reforçaram o senso de urgência da medida e alertaram para os prejuízos que o setor vem acumulando desde a adoção das tarifas pelo governo norte-americano.
Segundo eles, a situação tem afetado a competitividade do café brasileiro em um dos maiores mercados consumidores do mundo.
O assunto deve ser um dos principais pontos da reunião entre Lula e Trump, prevista para o próximo domingo (26), durante evento na Malásia.
O objetivo é suspender ou eliminar as taxas que reduziram drasticamente a competitividade do café brasileiro.
Atualmente, o governo trabalha com duas frentes de negociação:
- A primeira busca uma suspensão temporária das tarifas enquanto um acordo comercial mais amplo é costurado.
- A segunda tenta incluir o café em uma lista de produtos isentos, conhecida como “Anexo II”.
“O produto se encaixar na solicitação de suspensão de todas as tarifas para produtos brasileiros, enquanto se conclui o acordo comercial bilateral; ou, não havendo essa suspensão, o café seguir na lista de isenção produto a produto, sendo incluído no anexo 2 da ordem executiva assinada pelo presidente Trump no dia 5 de setembro”, revela o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.
Fontes do Itamaraty e dos ministérios da Indústria, Fazenda e Agricultura afirmam que as conversas com Washington estão em andamento e que o pedido formal de suspensão já foi apresentado ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
A urgência se explica pelos prejuízos recentes do setor.
Em setembro de 2025, as exportações de café brasileiro para os Estados Unidos caíram 52,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O encarecimento das vendas, somado à perda de competitividade frente a países como Colômbia e México, acendeu um alerta entre produtores e exportadores.
Apesar de reconhecer que a reversão imediata das tarifas é difícil, o governo acredita que o café tem boas chances de obter uma exceção, já que os EUA praticamente não produzem o grão em escala comercial.
A expectativa é de que a reunião entre Lula e Trump abra espaço para um entendimento político que alivie o impacto do chamado “tarifaço”.
Para o setor cafeeiro, a iniciativa representa uma oportunidade de retomar espaço no mercado americano e reduzir as perdas acumuladas desde a imposição das taxas.
A articulação diplomática é vista como um passo estratégico para garantir maior previsibilidade e segurança às exportações brasileiras, num momento em que o agronegócio busca reafirmar sua posição no comércio global.


















