Uma publicação da KPMG elencou os desafios e lacunas de financiamento que os agricultores enfrentam para a implementação da agricultura regenerativa.
Esse modelo de agricultura diz respeito a práticas para restaurar e melhorar a saúde do solo, otimizar o uso de recursos e aumentar a biodiversidade.
O levantamento aborda o tema a partir de quatro áreas:
- efeitos da conexão entre as mudanças climáticas e as práticas agrícolas convencionais;
- fortalecimento dos produtores;
- escassez de recursos;
- recomendações estratégicas para o avanço dessas práticas.
“Este estudo destaca como a transição para uma agricultura regenerativa não é mais uma opção, e sim uma necessidade, impulsionada pela urgência em abordar os desafios interligados das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e da segurança alimentar. Para impulsionar esse processo, é crucial que o setor esteja pronto para enfrentar as barreiras que impedem o acesso ao financiamento”, analisa a sócia-líder de ESG da KPMG para as Américas, Nelmara Arbex.
As lacunas de financiamento (mecanismos de suporte) apontadas pela publicação são:
- Empréstimos com condições ou subvenções favoráveis que podem reduzir os custos associados à adoção de novas tecnologias agrícolas;
- Mecanismos de proteção, ou seja, produtos de seguro que podem criar incentivos à inovação sem riscos de perda financeira;
- Garantias de mercado por meio de acordos de compra para gerar segurança em um cenário de demanda flutuante;
- Serviços de recompensa por meio da monetização de práticas da agricultura regenerativa para criar incentivos econômicos no ecossistema;
- Blended finance (financiamento misto), com a combinação de recursos públicos e privados para investimentos de risco, atraindo investimentos para a cadeia de valor;
- Questões técnicas como conhecimento, treinamento e apoio para ajudar a implementar, manter e expandir práticas sustentáveis;
- Descentralização financeira para otimizar transações e criar oportunidades de financiamento.
Desafios dos agricultores
Segundo a publicação da KPMG, para os pequenos agricultores, as barreiras para implementação de práticas regenerativas incluem restrições financeiras, acesso limitado ao mercado e lacunas no conhecimento que impedem a implementação de sistemas novos.
Por outro lado, os grandes produtores têm mais condições de lidar com as complexidades da integração de novas práticas às operações em larga escala, questões regulatórias e garantias de lucratividade em um mercado competitivo.
“Os desafios da implementação das práticas de agricultura regenerativa não são uniformes dentro da porteira e dependem de fatores como o perfil do produtor, escala da produção e acesso a recursos. Entendê-los é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes que os apoiem nos esforços para expandir a agricultura regenerativa”, finaliza a sócia-líder do setor de agronegócio da KPMG no Brasil, Giovana Araújo.